Sufocado

Tenho medo das coisas que poderei escrever quando você não estiver mais aqui. Tenho medo daquele quarto escuro que costumo fugir. Tenho medo. Tenho muito medo do que posso ser quando não puder me despedir antes de sair. Tenho medo de regressar e não encontrar você aqui. Eu tenho muito medo! Talvez você não entenda esse meu medo de existir sem você existir por aqui ou talvez entenda, pois já assistiu alguém partir. Acho que me perdi em você. Será que devo pedir perdão para mim ou para você? Essa dúvida consome o meu ser; não consigo achar nenhuma razão para deixar você ir, partir, e não me pertencer, enfim, a sua alma andou me relembrando tudo o que sou antes de me abandonar aqui. Infantil, egoísta, doentia... foi tudo isso que tive que ouvir depois de te apertar, para não escapar. 

Lutava eu desesperadamente pelo inelutável, que por sua vez me fazia sangrar, por esse amor que me fez de prisioneira, que me condenou, me jogou diretamente para a pena de morte sem analisar todos os esforços que fiz pra você ficar. Fui condenada pelos meus mais sublimes sentimentos que são esses que eu quis fazer você acreditar, que sou o seu eterno lar, forçar você a me amar. Me parecia ser algo tão bom... 

Qual era o mal da obrigação de te apertar assim, desse jeito, junto ao coração? Você dizia: - se liberte dessa ilusão, não terá amor maior do que aquele com aceitação. Olhei dentro do seus olhos e só enxergava aquela melodia que fiz naquele outro dia, onde existia motivos para continuar, mas algo estava diferente, não era apenas essa melodia que estava lá; o seu olhar me expulsava me fazendo te relembrar todos os meus motivos que me fazia querer lutar, mas você insistia, dizia: - você precisa se libertar! Não há mais nada em que possa encontrar. Doía em mim a sua firmeza em dizer que só existia eu ali. Você já tinha ido sem me dar nenhuma chance de me despedir.

Autora: Jonatielen Silva e Silva 
                                                                        



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